“Se quisermos ter perspicácia e vigilância enquanto praticamos yoga, então temos d emudar os nossos hábitos alimentares”

Existe muita literatura disponível sobre aliemntos e dietas para a prática de yoga. Mas quando nos apaixonamos relamente pelo yoga sabemos que priemiro vem o yoga e o resto depois. Isto significa que a prática naturalmente vai despertar a sabedoria do nosso corpo que saberá melhor escolher e manifestar o que é melhor para ele e aquilo que já não se adequa.

Na Bhagavad Gita, Krishna diz que a alimentação adequada ao crescimento de sattvic (um corpo e mente harmoniosos) é a que é deliciosa, suave, doce, substancial, agradável e que promove uma vida longa, vitalidade, energia, saúde, felicidade e alegria. A alimetação tamásica (que nos deixa letárgicos, cansados e sem energia) é aquela que não tem sabor, como as sobras, restoas, ou produtos congelados e processados.

A prática de ásana guia-nos para ter sensibilidade e comer aquilo que o corpo necessita a cada dia. Por vezes, o sistema exige alimentos liquidos e, outras vezes, doces e salgados, mas tudo isto é ordenado pelo organismo de acordo com as suas necessidades.

O Hatha Yoga Pradipika diz-nos que evitemos demasiada comida (atyahara). Sugere ainda comer apenas quando temos fome e aquilo que o sistema pede. A prática regular, disciplinada e genuína de ásanas e pranayama torna-nos até indiferentes aos nossos pratos preferidos, mas permite-nos saboreá-los plenamente sem sermos deles escravos. Deixe de praticar durante oito dias e a indisciplina instala-se – os hábitos antigos regressam. Através da prática de yoga, apreciamos os alimentos, mas não nos viciamos neles. Ao praticar regularmente, o sistema digestivo fica estimulado e a pessoa consome menos do que geralmente consome.

Por outro lado, refere Pedro Kupfer, o “yogi consciente não se torna vegetariano cegamente, porque alguém mandou, ou porque assim se faz há milênios. O yogi consciente adota o vegetarianismo como um corolário do processo de compreensão da realidade da vida e do papel que o homem exerce no planeta”.

Explica ainda Kuper que:

Então, como implementar uma dieta vegetariana sem criar um trauma em nossos hábitos? Existem duas opções. A primeira, radical, é simplesmente parar da noite para o dia, após haver refletido e amadurecido a idéia por tempo suficiente como para não se arrepender da decisão ao primeiro convite para o churrasco do próximo domingo.

A segunda, mais adequada para muita gente, é implementar uma série de mudanças graduais nos hábitos alimentares e começar a entrar com mais regularidade na cozinha para escolher e preparar o próprio alimento. Ambas as opções exigem planejamento, pesquisa, bom senso e, principalmente, uma mudança de visão em relação ao que significa realmente alimentar-se.

É preciso ter muita coragem para combater o preconceito e os hábitos sociais arraigados. Um vegetariano recente pode ouvir comentários como estes, da parte de seus amigos ou família: ‘Então você virou vegetariano? Você está comendo só grama?’ ‘Mas essa canja tem pouquinha galinha. Você não vai comer mesmo assim?’ Se você não mantiver o foco em seu propósito, a pressão social ou a familiar podem fazer fracassar seu plano.

Pessoalmente, parei de comer carnes e ovos há mais de vinte anos. Em verdade, já havia tomado a decisão no momento em que tive meu primeiro contato com o Yoga, há mais de vinte e cinco anos. Porém, quando anunciei para a minha mãe, desde o alto dos meus treze anos de idade, que havia decidido parar de comer carnes, ela simplesmente me deu uma bofetada e disse: ‘Se você acha que vou cozinhar especialmente para você sem carne, está redondamente enganado’. O assunto morreu aí mesmo, mas eu não desisti. Hoje em dia, minha mãe adotou a dieta vegetariana e ajuda muita gente que quer parar de comer carnes.

Não fui bem sucedido naquela primeira tentativa por causa da minha situação de dependência familiar. No entanto, o tempo passou e, quando tornei-me e comecei a morar sozinho, consegui finalmente realizar esse objetivo. Devo dizer que não me custou nada parar com as carnes e os ovos, pois minha motivação em relação à prática era muito forte e, depois que você desenvolve uma certa sensibilidade através da meditação, os mantras e as práticas mais sutis do Yoga, o vegetarianismo torna-se uma necessidade.

Definição de vegetarianismo no contexto do Yoga

Por vegetarianismo, entende-se aqui a dieta alimentar que exclui quaisquer tipos de carne, seja de vaca, ovelha, porco e outros mamíferos, mas igualmente a das aves, peixes e ‘frutos do mar’. Os ovos tampouco fazem parte da dieta vegetariana do Yoga, pois se considera o ovo um tipo de carne líquida”

 

Fontes

On Diet and nutrition, Astadala Yogamala, Volume 8, pp.51-59

Vegetarianismo e Yoga