O universo dá sinais? Não.

Peço desculpa se ofendo alguma crença, mas o universo não dá sinais a ninguém.

Sim, o Universo tem sinais, inclusive tem um padrão de sinais de rádio repetido cuja origem, descobriu-se recentemente, remonta a uma galáxia a cerca de 500 milhões de anos-luz da Terra. E, por enquanto, só temos evidências científicas da existência de sinais de rádio no universo e não são dirigidos a ninguém em particular.

Por isso, já era tempo de deixarmos cair essa desculpa para justificar o que quer que seja que aconteça na nossa vida. A pessoa não acredita em Deus, não acredita na existência de outros seres inteligentes que possam – em diferentes planos vibracionais da existência influenciar a sua vida e psique – mas depois acredita que o universo manda sinais para alguém e que o universo está interessado nos nossos problemas individuais? Lamento, mas não está.

“Mas então, o universo não me diz, por sinais, qual é o meu propósito de vida?”

Não, o universo não é uma entidade inteligente nem criadora. Sabemos que ele faz e contém coisas inusitadas, mas mandar sinais para cada um de nós não é uma delas. Hoje sabe-se que o universo é composto por energia e matéria escuras e pela energia e matéria que nos compõe.

“Mas e o propósito da minha vida…”

A única coisa que importa dizer é que não interessa qual é a tua profissão, quantos graus académicos tens ou se tens algum, o tamanho da tua conta bancária, se tens família ou não, se te dedicas ao yoga, à jardiangem ou a ser bombeiro. Se há algum propósito na nossa vida é que nos voltemos para os interesses da alma. O nosso aperfeiçoamento moral é tudo o que mais importa (já agora, acho que basta olhar o mundo à nossa volta para percebermos isso). É claro que a nossa caminhada segue e está incluída no que acontece no universo visível e invisível. Ninguém vive realmente sem objetivo existencial. O ser humano suporta qualquer tipo de perda, naturalmente dentro dos seus limites emocionais, não, porém, a perda do objectivo existencial.

Se o indivíduo perde a motivação para o crescimento interno, e a conquista de valores externos, porque se encontra sob recriminação e culpa, incerteza e desinteresse existencial, a sua vida torna-se exaustiva e doentia, porque destituída de ideais e de realizações.

A existência saudável é dinâmica, cheia de acções bem sucedidas e outras menos, que se inter-relacionam num panorama de acertos e de erros, enganos esses que se convertem em aprendizagem para futuras conquistas que nos ajudam a crescer.

A vida sem sentido é uma experiência sem vida. O vir-a-ser dá sentido existencial à vida, promovendo-a e dignificando-a, tornando-a saudável e bela.

Estabelecido, portanto, um roteiro psicoterapêutico valioso ou organizada uma simples proposta de bem-estar pessoal, o vir-a-ser é essencial na estruturação da saúde do indivíduo, que se trabalha motivado pa

O tempo da vivência terrestre pede sempre que lhe demos um sentido útil, que procuremos saber qual é a razão de fazermos o que fazemos e de ser como somos. Senão, para quê passarmos tanto tempo pelas experiências do corpo biológico, de enfrentarmos tantas dificuldades, de superarmos variados embates, sem que tenhamos consciência de sua razão?

Para tudo o que fizer ou deixar de fazer, que haja um sentido claro ou uma ponderável razão.

Não é preciso filosofarmos sobre por que ficamos a dormir até mais tarde ou porque gostamos da cor azul,  mas quando se tratar de acções que terão peso sobre a nossa vida, aí sim, busquemos sempre uma razão para fazê-las.

Procure encontrar e compreender os motivos pelos quais está no mundo, no tempo presente, nas suas circunstâncias, e não viva ao sabor da sorte. E sobretudo, aceite o sofrimento, mas não se apegue a ele. Ninguém nasceu para sofrer nem culpado de coisa alguma. Quando nos fechamos num sofrimento inútil e prolongado, só desperdiçamos oportunidades. É possível quebrar esse ciclo vicioso e viver com mais ânimo, realismo e com a certeza de que podemos conduzir a nossa própria vida. Nós e não o universo.

Quando se sentir impotente e sem fé, pergunte-se o que lhe falta. E vai ver que só lhe falta esperança.

“O futuro bem entendido está no presente bem vivido”

Sugestão de leitura: Man’s search for meaning, Viktor Frankl