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As estrofes da Gītā que mencionam os 20 valores são:

amānitvam adambhitvam ahiṃsā kṣāntir ārjavam |
ācāryopāsanaṃ śaucaṃ sthairyam ātmavinigrahaḥ || 13.8 ||

Ausência de vaidade, ausência de pretensão, não-violência,
acomodação, retidão, dedicação ao mestre, pureza, persistência, autocontrole;

indriyārtheṣu vairāgyam anahaṃkāra eva ca |
janmamṛtyujaravyādhiduḥkhadośānudarśanam || 13.9 ||

desapego em relação aos objetos dos sentidos,
ausência de egoísmo e compreensão das limitações
do nascimento, a morte, a velhice, a doença e a dor;

asaktir anabhiṣvaṅgaḥ putradāragṛhādiṣu |
nityaṃ ca samacittatvam iṣṭāniṣṭopapattiṣu || 13.10 ||

ausência de apego à ideia de posse, ausência de apego
em relação aos filhos, o cônjuge, o lar e outros,
equanimidade constante independente da realização
do desejado ou do não desejado;

mayi cānanyayogena bhaktir avyabhicāriṇī |
viviktadeśasevitvam aratir janasaṁsadi || 13.11 ||

devoção inquebrantável a mim, [sabendo que] não há
outro [além de Īśvara], apreço por um lugar tranquilo,
ausência da necessidade da companhia de pessoas;

adhyātmajñānanityatvaṃ tattvajñānārthadarśanam |
etaj jñānam iti proktam ajñānaṃ yad atonyathā || 13.12 ||

busca constante do conhecimento de Ātma, apreciação
do sentido do conhecimento da verdade, isso é chamado
jñāna, conhecimento. O contrário a isto é ajñāna, ignorância.

Agora, em lista:

1. Amanitvam, ausência de vaidade, arrogância ou necessidade de elogio.

2. Adambhitvam, ausência de pretensão.

3. Ahiṁsā, não-violência.

4. Kṣānti, pacífica adaptabilidade.

5. Arjavam, retidão.

6. Acāryopāsanam, dedicação ao professor.

7. Śauchan, purificação.

8. Sthairyam, firmeza de propósito.

9. Ātma-vinigraha, comando sobre o pensamento.

10. Indriyartheśu vairāgyam, desapego em relação aos objetos dos sentidos.

11. Anahaṅkāra, ausência de identificação com as coisas do ego.

12. Janmamṛtyujaravyādhiduḥkhadośānudarśanam, reflexão sobre as limitações do nascimento, a morte, a velhice, a doença e a dor.

13. Aśakti, ausência de apego à ideia de posse.

14. Anabiśvaṅgaḥ putradaragṛhādiśu, equanimidade afetiva.

15. Nityam samacittatvam iśtaniṣṭopapattiṣu, equanimidade constante.

16. Bhaktir avyabhicāriṇī, devoção inabalável.

17. Viviktadeśa sevitvam, apreço por um lugar tranquilo.

18. Aratiḥ janasamsadi, apreço pela solitude.

19. Tattvajñānārthadarśanam, foco e clareza na verdade.

20. Adhyātmajñāna nityatvaṁ, disposição contínua para o autoconhecimento.

70X7

16 de Abril, 2020

“Voltai os vossos olhares para a frente; quanto mais vos elevardes pelo pensamento acima da vida material, menos sereis magoados pelas coisas da Terra”.

O livre-arbítrio, enquanto lei base da progressão da cada um de nós, permite ao Homem viver o equívoco.

Jesus ensinou-nos a dizer pela oração do Pai-Nosso: “Perdoai-nos, Senhor, as nossas faltas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. Neste sentido, uma compreensão contrária sobre o perdão, é fruto da ignorância espiritual, e uma fabricação dos homens onde impera a lei do medo no lugar do uso da razão.

Coisas simples como agradecimento, perdão, solidariedade:

  • Permitem alinhar o pensamento para com outros de forma activa.
  • Criam um canal de comunicação entre o nosso íntimo e aqueles a quem a dirigimos.
  • O indivíduo que vive segundo as premissas da solidariedade vive menos centrado em si, pois deposita grande atenção no trabalho de equipa e no bem comum. Uma sociedade que vive com esta orientação é mais protegida e desenvolvida, pois cada indivíduo tem sobre si a atenção e o cuidado de muitos outros. Uma sociedade de indivíduos unicamente preocupados com o seu próprio bem-estar é egoísta, pelo que é mais desprotegida. Aqui, cada um tem somente o seu próprio olhar a cuidar de si.
  • O primeiro terá mais sucesso porque pode somar às soluções que procura, a inteligência de outros – daqueles que se preocupam com ele de forma indulgente, e que são com ele solidários. É uma vivência solidária reciproca, em equipa, em comunidade. O valor total de inteligência dirigida em favor daquele que age de forma solidária e indulgente para com outros, inclui a resultante da interacção social (física), mas também a espiritual, daqueles que promovem e a quem promovem o bem. Há aqui um efeito multiplicador que nos esquecemos de contabilizar porque ainda nos é difícil assimilar o alcance da mensagem de Jesus.
  • O segundo cuida somente de si, e porque negligencia os outros, é provável que receba desses a mesma negligência. Sim, vivemos numa rede social, mas também espiritual.

O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam desferir. Uma é sempre ansiosa, de sombria susceptibilidade e cheia de amargura; a outra é calma, pacífica e caridosa.

“Quantas vezes perdoarei a meu irmão? Perdoar-lhe-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes”. Aí tendes um dos ensinos de Jesus que mais nos devem percutir a inteligência e mais alto falar ao coração. Ele, o justo por excelência, responde a Pedro: perdoarás, mas ilimitadamente; perdoarás cada ofensa tantas vezes quantas ela te for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que torna uma criatura invulnerável ao ataque, aos maus procedimentos e às injúrias; serás brando e humilde de coração, sem medir a tua mansuetude; (….) Se os actos do outro vos prejudicaram, mais um motivo aí tendes para serdes indulgentes, porquanto o mérito do perdão é proporcionado à gravidade do mal. Nenhum merecimento teríeis em relevar os agravos dos vossos irmãos, desde que não passassem de simples arranhões” (Simeão, 1862).

Além disso, perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio; perdoar aos amigos é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar-se melhor do que era. “Nunca perdoarei”, é uma frase sem sentido, pois pronuncia a sua própria condenação. Quem sabe, aliás, se, descendo ao fundo de vós mesmos, não reconhecereis que fostes o agressor? Quem sabe se, nessa luta que começa por uma alfinetada e acaba por uma ruptura, não fostes quem atirou o primeiro golpe, se vos não escapou alguma palavra injuriosa, se não procedestes com toda a moderação necessária?

Todavia, há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muitas pessoas dizem, com referência ao seu adversário: “Eu lhe perdoo”, mas, interiormente, alegram-se com o mal que lhe advém, comentando que ele tem o que merece. Quantos não dizem: “Perdoo” e acrescentam. “mas, não me reconciliarei nunca; não quero tornar a vê-lo em toda a minha vida.”

Aqui recorremos ao que nos ensinou Paulo de Tarso: “O esquecimento completo e absoluto das ofensas é peculiar às grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e de inferioridade. Não olvideis que o verdadeiro perdão se reconhece muito mais pelos atos do que pelas palavras”.

Com o devido tempo, todos somos capazes de perdoar e de ser perdoados.

Isto não significa que temos de trazer para a nossa intimidade pessoas a quem achamos que nos fizeram grandes ofensas, apenas que as podemos perdoar.