Ashtanga yoga é um estilo de yoga que foi desenvolvido por K. Pattabhi Jois no século XX. É uma prática fisicamente exigente e estruturada que envolve uma série fixa de posturas (asanas) combinadas com técnicas de respiração (pranayama) e foco visual (dristi). Ashtanga yoga é conhecido por ser um estilo de yoga bastante desafiador e vigoroso, com ênfase no desenvolvimento de força, flexibilidade e resistência física. A prática é dividida em seis séries, cada uma das quais deve ser dominada antes de passar para a próxima.
Quando se inicia a prática de Ashtanga Yoga, normalmente começamos pela parte física, pelos asanas (posturas). Logo no início já é possível sentir os seus benefícios, mas muitas vezes não entendemos o por quê nem como funciona toda essa transformação física e mental.
Por isso, é importante compreender o funcionamento do Tristana, a base da metodologia do Ashtanga Yoga. Podemos explicá-la como uma ferramenta que guiará toda a sua prática.
O Tristana é formado por três partes: a respiração, os asanas e o drsti (foco do olhar). Esses pilares transformam uma simples prática física em uma experiência que conecta mente e corpo, permitindo a prática se tornar meditativa e repleta de benefícios à saúde física e mental.
Respiração
No Ashtanga tudo começa com a respiração. Todo o movimento é conectado com a inspiração e a exalação. A contagem do tempo é feito através dela assim como toda movimentação do corpo durante a prática.
Utilizamos um método de respiração livre, que é nasal, então inspiramos e exalamos sempre pelo nariz, nunca pela boca, em que o ar passa pela garganta emitindo um som sussurrante. Tentamos fazê-la de forma consciente e ritmada (mesmo tempo de inspiração e expiração), para alcançarmos uma calma e equilíbrio. Conseguimos, dessa forma, manter a mente e o corpo estáveis para a execução das posturas.
Com o tempo, é possível alcançar respirações mais longas e profundas, que ajudam a ativar o nosso fogo digestivo, que é responsável por liberar toxinas do nosso corpo.
Posturas
A segunda parte do Tristana são as posturas, os asanas. No Ashtanga, nós seguimos uma metodologia tradicional que conta com diversos grupos de posturas. Então, cada aluno iniciará sua prática com um grupo de posturas passado pelo professor. No decorrer da prática, você vai entendendo àquelas posturas, o corpo vai se adaptando, fortalecendo e se começa a entender, também, a respiração dentro de cada movimento. Depois, quando você estiver preparado, receberá a nova postura e assim, vai evoluindo na sua prática.
Considerações muito importantes: o Ashtanga Yoga é um método bastante individualizado, que permite cada praticante fazer sua prática dentro do seu tempo e suas limitações. O que pode ser muito fácil para uma pessoa pode ser muito difícil para outra. Dessa forma, cada um vai trabalhando nos seus desafios. Outro ponto a ser ressaltado é a importância do professor, que irá te guiar nesse caminho. Não há outra alternativa senão com a orientação de professores sérios e capacitados a lhe passar os ensinamentos do método (parampara).
Drsti
A terceira parte é o Drsti – o foco do olhar enquanto estamos praticando. Esta etapa nos ajuda a manter a mente estável e focada, evitando distrações externas e atrapalhando o fluxo da prática, além de manter a energia circulando no corpo, já que para onde olhamos é para onde levamos nossa energia.
Os Drstis são nove: umbigo (nabhi drsti), nariz (nasagra drsti), para cima (rdhva drsti), terceiro olho (brumadhya drsti), canto do olho esquerdo e canto do olho direito (parsva drsti), dedão (angusta drsti), dedo médio (hastagra drsti) e dedão do pé (padagra drsti).
Há ainda dois elementos que estão relacionados ao Tristana: O Vinyasa, que está conectado à respiração e os Bandhas, conectados às posturas.
Vinyasa
O Vinyasa é a sincronização do movimento com a respiração, que tem como propósito a limpeza e purificação interna. Através desta combinação, o corpo vai aquecendo, criando um calor interno que vai varrendo as toxinas mais superficiais para a pele, que vão sendo eliminadas através do suor.
Em um estágio mais avançado, aquele sangue denso, com excesso de toxinas, começa também a se mover para as extremidades. O sangue vai afinando e circulando livremente de forma mais saudável e puro pelo nosso corpo. Por isso, muitas vezes a qualidade e o cheiro do nosso suor vão mudando ao longo dos anos de prática. Ou seja, a prática correta do vinyasa tem a capacidade de limpar e purificar desde a superfície até a parte mais profunda do nosso corpo.
Bandhas
Os bandhas são como fechos ou contrações de determinadas áreas do nosso corpo que evitam a dispersão da energia vital, conduzindo a respiração e mantendo o corpo aquecido, além de manterem uma estabilidade, protegendo a coluna durante a prática de asanas
São ações bastante complexas, mas que com o tempo de prática, quando feita de forma regular e apropriada, é possível incorporá-las.
No Ashtanga, trabalhamos principalmente com três bandhas: mula bandha, uddiyana bandha e jalandhara bandha.
Mula Bandha: está associado ao chakra raiz e ao momento da expiração. É uma contração interna ativada no assoalho pélvico que mantém os órgãos do baixo ventre suspensos. Traz força e estabilidade para o corpo e seus movimentos.
Uddiyana Bandha: está associado à inspiração e a musculatura da parede abdominal inferior. É uma ação que expande a caixa toráxica e eleva o prana para cima. Traz leveza para o corpo e seus movimentos.
Jalandhara Bandha: É uma “trava” na garganta e é realizado somente em práticas mais avançadas quando já se está apto a praticar os pranayamas. É ensinado de forma individual para cada aluno, conforme a tradição do método.
É importante ressaltar que todas essas etapas devem ser praticadas simultaneamente durante toda sua prática.
Sempre siga as orientações do seu professor.
Pratique, pratique e tudo virá!