Everyday Life Yoga Portrait by SARA CORREIA

Caso sejam dos que não vão deixar de utilizar as redes sociais nesta altura, vou deixar aqui algumas sequências acompanhadas de aspectos que me parecem bem mais importantes a ter em conta.

Uma delas é a disciplina do nosso discurso. Isso pode ser feito quando publicamos nas redes sociais, mas também em casa, agora que estamos ‘obrigados’ a estar mais tempo em família e já se sabe que isso, por vezes, traz alguns arrufos e exaltações.

Na Bhagavad Gita, no verso 15 do capítulo XVII, Kṛṣṇa indica quatro princípios a serem observados quanto à palavra: “Discurso que não cause agitação, que seja verdadeiro, agradável e benéfico (…)”.

Desde sempre considerei a disciplina da palavra uma das mais importantes disciplinas que qualquer pessoa deve seguir. E no mundo do yoga, muito preocupado em transmitir visões religiosas ou Verdades e discursos de auto-ajuda, muitas vezes esquece-se desta disciplina que tem o nome de Vak tapas.

E considero-a importante, desde logo, porque faz-nos estar constantemente alerta e presentes em cada momento do nosso dia. A vigiar, como alguém há muitos séculos nos aconselhou.

Então, os 4 princípios a serem observados em vak tapas, quanto ao uso da palavra são:

  1. Anudvegakaram, ahiṁsā ao nível da palavra é o primeiro aspecto; ser atento e cuidadoso na forma de nos expressarmos para que as palavras não magoem ou agridam ninguém. Isso, só por si, exige estar atento para perceber a tendência que haja em nós para a crítica, para a culpabilização e para o falar mal de ou denegrir. Por exemplo, vejo muitos a criticar atitudes de pessoas hoje em dia que não respeitam as directrizes das autoridades, mas lembremos que ninguém estava preparado para o que está a acontecer. O mundo ocidental é um mimado, acha-se, historicamente, superior e que nunca nada lhe vai acontecer. Nem com o holocausto aprendemos, ou aprendemos muito pouco, por isso, não vale a pena criticar ninguém e sim, pensar que cada um faz o melhor que consegue e sabe a cada momento. Não usemos a palavra para disputar, deprimir, envergonhar, criticar, acusar, ferir ou maldizer.
  2. Satyam, ser verdadeiro. Lembremos que o início de todas as hecatombes no Planeta está, quase sempre, no uso da língua. Ainda que a fala tenha função edificante, normalmente usamo-la para cogitações pequenas e de subterfúgio. As grandes tragédias sociais e individuais nascem da conversação de sentimentos inferiores. Não importa apenas falar, mas verificar o que damos com as nossas palavras. Porque transmitimos estados de alma com as nossas palavras. Se tivermos verdade em nós, o nosso discurso também a terá. Se formos autênticos, as nossas palavras também serão.E se não formos verdadeiros connosco, com os que nos rodeiam e no plano relativo em que nos movemos, também mais dificil será percebermos a Verdade do que somos. Sermos verdadeiros nas palavras que dizemos a nós e aos outros também nos leva a menos agitações na mente.
    3. Priyam, o discurso deve ser agradável. “A Lingua também é um fogo” (Tiago, 3:6). O nosso discurso deve ser agradável e amoroso no tom e na expressão. O diálogo é o que nos expõe o mundo íntimo.
    4. Hitam, bom e benéfico para o ouvinte. Também na palavra não devemos pensar só no que nos serve a nós, e ao que achamos, mas também tentar perceber se o que vamos dizer é benéfico para quem nos ouve.

Do ásana

Tadasana paschima namaskar é um simples, mas avançado estiramento do ombro e tórax praticado a partir de uma posição em pé. O nome vem do sânscrito, tadasana, ou postura da montanha; paschima, que significa “oeste/ocidente”, referindo-se à parte de trás do corpo; e namaskar, que é uma saudação e termo de respeito.

Como o nome sugere, tadasana paschima namaskar é uma variação de tadasana, mas com as palmas das mãos juntas no centro das costas numa uma posição de prece e respeito.

Porque há simbolismos que nos fazem pensar.

Uma sequência de hatha yoga

Desenhos por Carlos Garrido